A convergência cibernética do crime organizado

Em meu ultimo artigo sobre o tema Facções Criminosas e o Crime Cibernético e trouxe a relação do crime organizado com o mundo cibernético.
Neste artigo vamos expandir essa relação com base na informação da INTERPOL, de que existem 4 áreas de crime que atualmente dominam o cenário global de ameaças:

  • Crime organizado, tráfico ilícito, no qual se destacam o tráfico de drogas, o tráfico de pessoas e o contrabando de migrantes;
  • Crime financeiro, em especial lavagem de dinheiro, fraude financeira e corrupção;
  • Crime cibernético, em especial ransomware, phishing e golpes na Internet;
  • Terrorismo.

Todas essas áreas do crime acabam se convergindo para o ciberespaço pois a Internet é a plataforma ideal para essas atividades ilícitas por vários motivos como a facilitação da comunicação, o recrutamento e a execução de operações criminosas.

Uma forma de combater os atos ilícitos do crime organizado na Internet é o uso conjunto de Inteligência policial e inteligência de ameaças cibernéticas.

Isso ajuda organizações e agências de segurança a entenderem melhor as táticas, técnicas e procedimentos dos criminosos. Ao identificar padrões e indicadores de comprometimento podemos ajudar as forças de segurança competentes a antecipar e prevenir ações na cadeia de ataque.

Traças uma cadeia de ataque para cada um dos modos operantes dessas organizações permite mapear e entender cada vez mais suas táticas e então ter insumos necessários para o tomador de decisão.

Um bom trabalho de Inteligência policial associada com cibernética contribui para investigações, ajudando a rastrear e identificar criminosos, desmantelar redes ilícitas e interromper operações criminosas.

Kill Chain do Crime

O conceito de “Kill Chain” foi originalmente desenvolvido pelo setor militar para descrever as fases de um ataque, desde a identificação de um alvo até a destruição do mesmo. Mais tarde, foi adaptado para a segurança cibernética para descrever as etapas de um ataque cibernético do reconhecimento até a execução do ataque e a exfiltração de dados.

Usando o Kill Chain podemos separar estrategicamente ações, táticas e procedimentos que permitem produzir conhecimento de inteligência. Fazendo esse exercício podemos associar o modus operandi do crime.

Kill Chain do PCC

É sabido a complexidade e o tamanho dessa facção criminosa já sendo denominada máfia chamada PCC (Primeiro Comando da Capital). Ao mesmo tempo em, que cresce e fica em destaque se abre a possibilidade de coleta de informações de inteligência. Entretanto devido a sua complexidade se faz necessário trabalhar em peças separadas no qual eu chamarei aqui de Kill Chain do PCC .

  • Propaganda
  • Recrutamento (controle prisional)
  • Planejamento da ação
  • Controle das operações (sintonias)
  • Comunicação (salves).
  • Execução do crime
  • Ocultação e lavagem de dinheiro

Observação: Essa é uma estrutura básica definida para este artigo e que pode e deve ser melhorada.

Ao desmembrar toda estrutura é possível de aprofundar e entender melhor os detalhes que permitem a produção de inteligência para ações de combate.
Assim é possível o uso de várias estratégicas como monitorar comunicações entre membros, rastrear transações financeiras para identificar a lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros, Fazer o uso de OSINT (Open Source Intelligence) para coletar e analisar dados de fontes públicas, como redes sociais e fóruns online, para obter insights sobre as operações da facção.

A intenção é quebrar a corrente nos primeiros elos.

Este artigo serve para lembrar que o combate efetivo ao crime organizado requer um esforço multidisciplinar e a combinação de diferentes técnicas de inteligência para desmantelar a estrutura organizacional do grupo e perturbar suas operações criminosas.

Referencias

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Sobre Daniel Donda 550 Artigos
Olá, meu nome é Daniel Donda e sou especialista em cibersegurança, autor de livros, professor e palestrante. Saiba mais

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